segunda-feira, 4 de julho de 2011

Doce Mistério:





Tu és um mistério tão doce,
que se tão mistério não fosses,
não serias tão eloqüente.
Tu és um mistério, um enigma,
decifrar-te é a minha sina,
passado, futuro e presente.
Tu és um mistério oculto,
que jaz em teu peito sepulto,
e que tu conheces, somente.
Que me dera, esse mistério,
pudesse eu logo desvendar,
compreender teus hemisférios,
e navegar, sereno, em teu mar
Descobre-me teus segredos,
deixando meu corpo
voar livre, leve dentre teus dedos,
e que assim sem medo,
possamos entender,
a grandeza do nosso mistério.
Sem pressa, sem promessa,
quero-te sem recato,
num pecado tolo,
sem receio, sem normas,
nessa hora, agora,
quando teu corpo
o meu corpo amorna.
Arrebata de mim o medo,
esse rastilho de frio
que meu ser devasta.
Agasalha minha alma
que está nua e só...
Abriga-a das duras chagas,
guarda-a das dores cruas.
Quero que me queiras,
assim como me vês,
um mortal de desejo encarnado,
um enxerto de vida.
Aquecida pelo acalanto
da manhã clara,
guarda-me da luz morta da tarde,
e da insípida solidão da cama,
na lentidão da noite.
Deixemos pelos tempos celebrados,
sem vírgula, sem trema, sem parágrafo,
nos escritos de um livro antigo, aberto, quieto,
repleto de poema em quarentena,
o doce mistério dos nossos abraços.

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